Ministros e servidores do Tribunal de Contas da União (TCU) gastaram R$ 4 milhões com viagens para o exterior até meados de julho. No roteiro, Paris, Roma, Londres, Viena, Dubai, Maldiva, Aruba. Cerca de 80% foram viagens de “relações institucionais”. Só os ministros gastaram R$ 1,3 milhão. O vice-presidente do tribunal, Bruno Dantas, torrou R$ 278 mil em diárias em passagens. Alguns ministros deram esticadinhas na Europa após cumprir a missão.
A maior comitiva foi visitar a Expo Dubai, em meados de março. Os ministros Aroldo Cedraz, Augusto Nardes e Benjamin Zymler, mais seis servidores, gastaram R$ 164 mil com passagens e receberam R$ 298 mil em diárias – uma despesa total de R$ 462 mil. O equivalente a 1,1 mil Auxílios Brasil. Seis deles receberam 11,5 diárias. Os maiores valores foram pagos a Nardes, Zymler e um servidor: R$ 42 mil.
Todas as viagens a trabalho de ministros e procuradores com assessores no Brasil somaram apenas R$ 170 mil. Os voos nacionais de servidores sem a companhia de ministros custaram R$ 1,3 milhões. Nesse quesito, os deslocamentos para controle externo – a principal atividade do tribunal – ficaram em R$ 369 mil. Os voos de “representação institucional” dos ministros no país somaram R$ 100 mil. Mas o tribunal informa apenas a data, o valor e o aeroporto utilizado. Não é informado o motivo da viagem. O gasto total com diárias e passagens no ano chega a R$ 6 milhões.
Aquela esticadinha
Os ministros Dantas e Nardes e mais três servidores estiveram em Lisboa e Paris, de 25 de junho a 5 de julho, para “reuniões de interesse do TCU” no Tribunal de Contas de Portugal e na Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco) em Paris. As passagens custaram R$ 113 mil e as diárias, R$ 150 mil – um total de 263 mil. Dantas recebeu o maior número de diárias – 9,5 – num valor total de R$ 37,6 mil. Nardes recebeu sete diárias, até 2 de julho, no valor de R$ 30 mil. Mas ele deu uma esticadinha, permanecendo na Europa até o dia 14 – numa estada de 19 dias. O TCU registrou que o “ônus para o tribunal” foi até 2 de julho.
Dantas, Walton Alencar e duas servidoras cumpriram outro roteiro europeu no final de fevereiro – Varsóvia (Polônia), Viena (Áustria) e Paris, mais um pulo em Riad (Arábia Saudita). Fizeram “visitas” a órgãos de fiscalização daqueles países. As passagens custaram R$ 110 mil; as diárias, mais 112 – num total de 222 mil. Dantas, que esteve nos quatro países, gastou R$ 47,4 mil com passagens e recebeu 6,5 diárias num total de R$ 43,5 mil. Permaneceu 16 dias na Europa, mas “o ônus para o tribunal” foi de 27 de fevereiro a 5 de março. Alencar recebeu 4,5 diárias no valor de R$ 36,7 mil. Viajou no dia 1º de março e retornou dia 13.
A presidente do TCU, Ana Arraes, fez visita institucional à entidade fiscalizadora da Argélia e à embaixada do Brasil em Argel, de 10 a 18 de julho. A sua passagem custou R$ 45,6 mil. As dos servidores, R$ 43 mil e R$ 46 mil. Toda a viagem custou R$ 216 mil. A prestação de contas informa que “a postergação do retorno não ensejou o pagamento de diária para esse dia”.
Dantas fez visitas a cortes de contas na Índia e Egito, de 7 a 13 de maio, acompanhado de uma servidora, com despesas de R$ 105 mil. Ministro e assessora estenderam a estada por três dias, sem ônus para o tribunal. Alencar visitou órgãos de fiscalização em Lisboa e Tel Aviv (Israel) em abril. Recebeu a passagem, no valor de R$ 36,5 mil, mais R$ 31 mil por 9,5 diárias. O seu voo de ida foi dia 5 e a volta no dia 25.
A passagem mais cara foi paga na viagem de Alencar para Ukulhas (Maldiva) – R$ 50,6 mil. Ele ainda recebeu 8,5 diárias no valor de R$ 29 mil. Participou do grupo de trabalho sobre auditoria ambiental da organização das entidades fiscalizadoras superiores.