Tristeza e revolta eram os sentimentos do pedreiro Carlos Henrique Rocha, de 35 anos, na manhA? deste domingo (9). Ele e a famA�lia foram ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, para liberar o corpo do irmA?o David Rocha Lopes, de 27 anos,A�vascaA�no que morreu apA?s ser baleado durante confusA?o ocorrida apA?s o clA?ssico entre Vasco e Flamengo no EstA?dio de SA?o JanuA?rio. A famA�lia negou que ele fizesse parte de torcida organizada.
“A gente recebeu a notA�cia pelo WhatsApp. A minha mA?e tA? muito mal em casa. Cheguei aqui de madrugada pra reconhecer o corpo do meu irmA?o. AtA� agora ninguA�m da polA�cia veio falar nada com a gente”, contou Carlos.
Emocionado, ele lembrou da A?ltima vez que falou com o irmA?o, horas antes da tragA�dia.
“Eu cheguei a falar com meu irmA?o poucas horas antes do jogo. Ele estava bem animado. Animado era o jeito dele”.
Segundo Carlos, o irmA?o, que trabalhava como ajudante de eletricista, nA?o fazia parte de torcida organizada. “Em jogo ele ia, mas nA?o frequentemente. Ele assistia normalmente, gostava de futebol mas nA?o era torcedor recorrente”, contou.
A confusA?o generalizada dentro e fora do estA?dio ocorreu na noite deste sA?bado (8). David foi atingido por um tiro perto do portA?o 9 do estA?dio. Ele foi levado para o Hospital Souza Aguiar, onde jA? chegou sem vida.
AlA�m de David, outros dois torcedores deram entrada no mesmo hospital com ferimentos a bala. Um quarto torcedor foi recebido com ferimentos provocados por estilhaA�os de vidro.
Segundo a Secretaria Municipal de SaA?de, dois dos feridos jA? foram liberados do hospital. Um homem de 27 anos, baleado na perna esquerda, estA? internado em estado estA?vel.
“Agora gente quer saber da polA�cia nA�? Porque acho que partiu deles [o tiro], da porta de SA?o JanuA?rio. O confronto foi com eles”, reclamou Carlos ao comentar a atuaA�A?o da PolA�cia Militar durante a confusA?o.
“Estamos desde A�s 21h de ontem aguardando o rabecA?o. Queremos acabar com isso logo. A� muito sofrimento pra famA�lia. Nos falaram que sA? tem dois rabecA�es para atender todo o Rio”, diz Fabiana Santos, de 32 anos, prima da vA�tima.
OA�G1A�entrou em contato com a PolA�cia Militar e com a PolA�cia Civil, mas atA� a publicaA�A?o desta reportagem nA?o havia posicionamento das duas corporaA�A�es sobre o ocorrido.
AlA�m dos confrontos dentro do SA?o JanuA?rio, houve muita confusA?o no entorno do estA?dio, com grupos de torcedores do Vasco partindo para cima dos militares com garrafas e pedras.
A torcida do Flamengo foi mantida dentro do estA?dio por bastante tempo depois do apito final, atA� que a situaA�A?o ficasse mais tranquila. As ruas do entorno ficaram repletas de cacos de vidro, pedras, cartuchos de muniA�A?o e bombas de efeito moral jA? utilizadas.A questA?o da violA?ncia nos estA?dios do Rio foi parar na JustiA�a em fevereiro desse ano, quando o torcedor do BotafogoA�Diego da Silva Santos morreu durante uma briga no EngenhA?oA�antes do jogo do Botafogo e Flamengo. Na A�poca, um juiz concedeu uma liminar ao MinistA�rio PA?blico que pedia torcida A?nica nas partidas dos quatro grandes clubes do Rio. A FederaA�A?o de Futebol carioca recorreu e venceu. No dia 27 de junho, aA�JustiA�a decidiu manter torcida mistaA�apA?s um novo recurso do MP.