Após 14 anos dedicados à cozinha da Denver Place Elementary, Debbie Solsman, uma merendeira conhecida pelo carinho com os alunos, foi demitida por oferecer refeições quentes a estudantes que chegavam à escola sem dinheiro para o almoço. A atitude, segundo ela e pessoas próximas, era movida por empatia — e por necessidade.
Solsman notava diariamente crianças chegando à escola com o estômago vazio, muitas das quais dependiam da merenda escolar como única refeição do dia. Diante disso, tomou a decisão de agir: trocava lanches simples por refeições completas, anotava as dívidas em bilhetes e, em alguns casos, cobria os custos do próprio bolso.
“Eu não conseguia vê-los sentados ali, com fome, enquanto os outros comiam. Era impossível ignorar”, disse Debbie a uma rádio local.
A administração da escola, no entanto, considerou a prática uma violação dos protocolos administrativos. Segundo nota oficial do distrito escolar, a conduta envolvia “a distribuição de refeições sem o devido registro contábil”, o que comprometeria o controle financeiro da cantina.
Comunidade em choque
A demissão caiu como uma bomba entre pais, professores e vizinhos, que rapidamente se mobilizaram em apoio à funcionária. Uma petição online pedindo sua reintegração já acumula milhares de assinaturas, enquanto a hashtag #JusticeForDebbie viralizou nas redes sociais.
“Ela não quebrou uma regra — ela salvou o dia de muitas crianças. Isso não é um erro, é heroísmo”, comentou uma mãe de aluno em uma reunião da comunidade escolar.
Questão maior: fome infantil nas escolas
O caso escancarou um problema que vai além das regras administrativas: a fome entre crianças em idade escolar. Dados recentes mostram que milhões de estudantes nos Estados Unidos dependem das refeições fornecidas pelas escolas para garantir sua nutrição diária. Em distritos de baixa renda, como o de Wilmington, a situação é ainda mais crítica.
Enquanto a diretoria da Denver Place Elementary mantém sua posição, alegando que as regras existem para garantir “transparência e sustentabilidade do programa alimentar”, a pressão popular continua crescendo.
Próximos passos
Debbie, por ora, está desempregada, mas não arrependida. “Faria tudo de novo”, declarou. Ela agora avalia ações legais com o apoio de advogados voluntários e organizações de direitos humanos.
O caso de Debbie Solsman reabre um debate urgente: o que deve pesar mais na balança — a regra ou a empatia?